quarta-feira, 24 de março de 2010
O papel das religiões na preservação e valorização da água
A água ocupa um lugar destacado nas crenças religiosas. Ao longo da história da humanidade tem desempenhado um importante papel nos rituais, símbolos e liturgias da maioria das religiões.
A religião é uma influência fundamental no pensamento e comportamento de um grande número de pessoas, tanto crentes como não crentes. Algumas das religiões mais importantes do mundo surgiram no Oriente Médio e em outras regiões onde a utilização e gestão da água sempre exerceram um papel central na vida das pessoas.
Frequentemente se fala da água como um presente de Deus. Os esforços para assegurar um suprimento suficiente de água tem se convertido no foco principal do desenvolvimento social, legal e político. A água é “especial” e as mudanças na maneira de geri-la e utilizá-la devem ser adotadas com cautela e sensibilidade para as atitudes e crenças preponderantes.
Os líderes religiosos desempenham um papel crucial na divulgação das mensagens recolhidas no 3º Informe (Informe das Nações Unidas sobre os recursos hídricos no mundo: A água em um mundo em constante mudança, de 2009):
• Influenciando as atitudes, as escolhas morais e o comportamento de seus fiéis para a água; todos eles condicionantes que repercutem no uso e na gestão da água.
• Motivando e mobilizando a grupos de pessoas para que desempenhem diferentes papéis a fim de alcançar objetivos comuns.
• Educando os jovens sobre o papel fundamental que exerce a água para alcançar objetivos sociais e de desenvolvimento.
• Dando exemplo ao utilizar a água com moderação e de maneira eficiente em suas próprias instituições e comunidades religiosas.
• Levando a cabo projetos e programas com a água como eixo central em colaboração com organizações beneficentes e ONGs com um cometido religioso.
• Representando a um grande número de fiéis para debater sobre o futuro dos recursos hídricos.
A maior parte das crenças dão um grande valor à participação dos indivíduos nas tarefas comunitárias. Para muitos, o lugar de culto é o centro da vida coletiva e na maioria das comunidades a água é tratada como uma responsabilidade coletiva. A água oferece uma oportunidade para o diálogo em numerosas ocasiões, inclusive entre partes antagônicas, exercendo um importante papel na construção da comunidade.
Em geral, os serviços públicos são os proprietários das redes de suprimento de água e se encarregam de sua gestão, mesmo que algumas operações possam ser delegadas a empresas privadas sujeitas à regulação pública. Não obstante, a gestão comunal e cooperativa é uma opção que tem dado bons resultados em alguns municípios.
Por exemplo, as comunidades de renda baixa de Manila, Filipinas, dependem da água fornecida por atacado e administrada em nível local, que é distribuída posteriormente mediante acordos coletivos.
Um aspecto de especial relevância na gestão de sistemas de irrigação e no saneamento é a tomada de decisões no seio da comunidade, tal como é testemunha a proliferação de Associações de Consumidores de Água. O 3º Informe apresenta numerosos exemplos de iniciativas que dependem de um alto grau de participação da comunidade. Nos países do sul da Ásia, entre outros, o modelo propugnado pelo movimento Saneamento Total liderado pela Comunidade (CLTS, por sua sigla em inglês) tem obtido um notável êxito. O CLTS conta com as iniciativas surgidas das comunidades locais, a tecnologia adequada e uma forte pressão de grupo para garantir a presença de latrinas em todos os povoados, substituindo o costume imperante de defecar ao ar livre. Em um cenário completamente diferente, o planejamento e a implementação dos sistemas condominiais das redes de esgoto local em algumas cidades do Brasil e em Karachi, Paquistão, dependem também em grande medida da participação da comunidade.
Fonte: http://www.aguaonline.com.br/materias.php?id=3049&cid=7&edicao=468
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