Falar de política no Brasil é falar do momento. Os ferrenhos adversários de ontem de repente podem ser os grandes aliados de hoje. Uma coisa é costurar uniões e outra, alinhavar sem profundidade e sem fidelidade conchavos que quase sempre ignoram o sentir do povo.
À pergunta sobre se o Brasil está cansado de alinhavos e conchavos se responde com um sonoro sim. O Brasil quer uma democracia mais forte, mais transparente e, já que inventou a urna eletrônica onde, num só dia, tudo é decidido, somado e computado, cabe ao Brasil criar também dispositivos rápidos e ágeis de livrar-se desses parasitas do poder que se agarram a partidos nos quais não acreditam e pregam uma democracia na qual também não acreditam.
O Brasil do “leve vantagem com você também” parece estar mudando. As eleições ainda nos assustam pelo tipo de candidatos que os partidos nos apresentam, mas aí depende do povo rejeitá-los. Viajei o suficiente para saber que o povo simples não vai votar só por causa do bolsa-família ou de cestas básicas. Isto vai contar na hora do voto, mas não é isto o que vai decidir. O que o povo quer é uma continuidade de ações que favoreçam o avô, o pai, a mãe e os filhos; vale dizer: água, luz, alimento, escola e chance de emprego. Os governos estaduais que conseguiram melhorar isso têm muito mais confiabilidade e muito mais chance de permanecer no poder. Só a cantilena de oposição parece não convencer mais o povo, da mesma forma que as promessas de mudanças também não convencem.
Ele quer saber se o governo atual fez alguma coisa; se fez está disposto a lhe dar mais uma chance; se não fez, vai certamente buscar uma nova possibilidade. Portanto, quem está no governo, trate de dar o mínimo necessário ao povo e fugir dos conchavos, porque os conchavos sugam o que seria o mínimo necessário do povo. Não há oposição que possa a vida inteira boicotar um governo. Ela acaba caindo descrédito e o seu discurso se tornara enfadonho. Quem pensa que o povo gosta de governo ou de oposição está enganado. O povo gosta é de ações concretas e ele já descobriu que conversa de oposição é conversa; promessa de futuro governo é promessa.
Hoje o povo faz as contas e vota de maneira pragmática; não vota em quem promete mais, nem em quem grita mais. Olha para a estrada que está chegando a sua cidade, para a água, a luz, o esgoto e para a escolinha dos seus filhos; olha para a geladeira, para a dispensa e sabe se alguma coisa melhorou ou piorou e, então, ele vai e vota. Ao que tudo indica a política está deixando de ser discurso. Eles dão risada dos discursos altissonantes dos eternos candidatos de ontem, auto-exaltações de políticos empoleirados no poder há séculos. Mas está cada dia mais claro que é preciso enquadrar os partidos, para que não permitam mais em suas fileiras os canastrões, os picaretas e os eternos aventureiros e aproveitadores. Afinal, votamos em quem os partidos indicam e, se eles indicam tais candidatos ruins, não esperem merecer respeito. O país continua precisado de uma verdadeira reforma partidária. Quem não a quer são as velhas raposas!
Padre Zezinho
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