WebRádio Trindade Santa: Solidão

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Solidão


Consideramos a solidão como a tenda do encontro com a própria intimidade, como ambiente propício para a escuta da consciência e para a leitura correta dos acontecimentos que tecem a trama da história individual e social, e ainda como possibilidade única para responder às grandes interrogações que afligem a parábola existencial de cada homem capaz de um mínino de intimidade.

SÓ, então, é aquele que vive consigo mesmo, que não se afasta da sua intimidade, que não se deixa desgastar pelas distrações, nem se deixa esvaziar pelos contínuos, insistentes e prepotentes chamados da superficialidade. SÓ é aquele que não se deixa dividir, que não se perde no labirinto das realidades sensíveis, que não se abandona às ondas da moda, em que nenhuma circustância põe em perigo a unidade do seu ser.

Neste sentido, a solidão é necessária para todos e é a condição fundamental para permacener fiel às tendências positivas originais e salvaguardar, nas flutuações do vir a ser, a própria peculiar identidade. A solidão evita qualquer dissociação estrutural e impede o achatamento da vida na esfera superficial dos sentidos.
Se se quer viver como homem, não se pode renunciar a própria intimidade e, portanto, deixar a solidão. Está é tão necessária quanto o pão que se come, a água que se bebe, o ar que se respira. É perigoso dispensá-la como ínútil ou dela fugir como da pior das doenças.

Está claro. pode-se viver de muitas maneiras diferentes, mas, nem todas as maneiras de viver são próprias do homem. Para Erich From, o principal dever do ser humano consiste em dar-se a si mesmo à luz, ou seja, viver como homem. E isso, parece, que está se tornando sempre mais difícil por falta de solidão. Evidentemente, a nossa cultura é imediatista, utilitarista e, portanto, prevalentemente, sensualista. Não se pensa no futuro e nosso olhar não vai além da sombra do próprio corpo. Por isso, não se tem tempo para esperar. Quer-se tudo e quer-se imediatamente. Ajunta-se a isso o turbilhão da moda - que não se pode conter - e da concorrência que cada dia vestem a realidade com novas cores para solicitar a insaciabilidade dos desejos e alimentar a voracidade do coração. Assim é mais fácil viver na esfera epidérmica, superficialmente, sem profundidade, abandonados às impressões, seduzidos pelas cores, leves como folhas ao vento. O viver como homem exige empenho, requer decisões, impõe escolhas coerentes e constante disciplina. Quando aquilo que importa é o "hoje", a vida deve, necessariamente, ser superficial, inconsistente, estirada, agitada.

Bastaria um pouco de solidão, um mínimo de intimidade para compreender que o destino do homem tem, como horizonte, a eternidade.

A solidão é o único caminho que, conduzindo o homem à substância de sua ala, fera-o à unidade original, fá-lo sempre presente a si mesmo e o prepara para a vida.

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"A solidão em Santa Teresinha do Menino Jesus". Livro de Pedro Paulo di Beradino. Paulis editora. pág. 19 - 21.

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