terça-feira, 22 de março de 2016
E depois do Aborto?
Nenhum argumento pode justificar um aborto, embora os pró-abortistas abarquem explicações baseando-se em inegáveis problemas, necessidades e interesses de caráter social, econômico e biológico. Todavia esses mesmos pró-abortistas se esquecem (ou não querem advertir) que, do ponto de vista psicológico e físico, o aborto deixa marcas eternas, e um sofrimento inimaginável. Um estudo realizado em 2006, por Rodrigues e Hoga, enfermeiras da Universidade de São Paulo (USP), apresenta as falas de homens que vivenciaram o aborto provocado de suas companheiras e confirma o quanto essa decisão não traz alívio ou benefícios aos envolvidos, ao contrário, traz apenas arrependimento e dor:
– “Quando ela me contou que tinha feito o aborto fiquei muito triste e me senti um pouco culpado, porque tinha uma criança ali com ela, que hoje seria uma vida, um filho nosso. Eu me sinto arrependido por isso.”
– “E, o que eu mais senti, foi arrependimento, eu fiquei muito chateado, pelo que aconteceu não ser uma coisa certa. Eu jamais permitiria que isso acontecesse de novo.”
– “Como seria ele hoje? Ele estaria com 17 anos. Arrependo-me muito, fico comparando os meus filhos hoje com aquele que nós fizemos mal.”
– “Porque quando você não quer fazer isso, e acontece esse tipo de coisa magoa bastante, quer dizer, quando você olha pra pessoa, isso vem à tona, você lembra de tudo. É uma coisa assim, que se eu a vê, tanto que quando eu toco nesse assunto, parece que estou vivendo o momento tudo de novo, apesar de já ter passado tanto tempo.”
– “E pra mim ela conseguiu destruir o sentimento que eu tinha por ela, que era muito grande. E de repente ela faz isso, ela conseguiu acabar com uma coisa que pra mim iria ser uma coisa muito bonita, que era ter um filho.”
Outro estudo que descreve o processo e os sentimentos envolvidos na decisão de abortar, publicado em 1995 por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), mostrou que 48,8% de um total de 326 mulheres se sentiram mal emocionalmente e fisicamente após o aborto. A grande minoria das mulheres, 27,9%, se sentiu bem após o aborto e as demais se sentiram bem fisicamente, porém mal emocionalmente. Outro resultado importante mostrou que 82,9% de um total de 127 mulheres que decidiram não abortar se sentiram bem, aliviadas e não se arrependeram de sua escolha. Não é difícil perceber que o aborto acontece na maioria das vezes em silêncio, permeado pela culpa, desamparo e solidão. Desse modo, qualquer tentativa de “minimizar problemas”, ou “tratar a saúde mental” por meio do aborto, só trará ainda mais sofrimento, desesperança, vazio e sentimentos negativos.
Infelizmente não existem estudos que mostrem como a dor emocional dos responsáveis pelo aborto pode desaparecer ou sequer se isso pode acontecer. O que sabemos é que esse sofrimento será vivenciado eternamente e todos os dias, sempre que alguém que praticou um aborto olhar para o rosto de uma criança, imaginará como seria o de seu filho, o que ele estaria fazendo, e qual bem ele teria proporcionado à humanidade caso tivesse tido a chance de vir ao mundo. Além disso, as marcas que levaram àquela concepção, e as pessoas envolvidas em todo o processo, sempre estarão impregnadas em suas lembranças mais tristes.
A Igreja condena o aborto veementemente: “O aborto direto, isto é, querido como fim ou como meio, constitui sempre uma desordem moral grave, enquanto morte deliberada de um ser humano inocente (João Paulo II, Encíclica Evangelium Vitae, n. 62). O Código de Direito Canónico de 1917, para o aborto, prescrevia a pena de excomunhão.
A Igreja e nosso saudoso Beato João Paulo II fortalecem essa nossa certeza, quando escrevem às mulheres que cometeram um aborto: “A Igreja está a par dos numerosos condicionalismos que poderiam ter influído sobre a vossa decisão, e não duvida que, em muitos casos, se tratou de uma decisão difícil, talvez dramática. Provavelmente a ferida no vosso espírito ainda não está sarada. Na realidade, aquilo que aconteceu foi e permanece profundamente injusto. Mas não vos deixeis cair no desânimo, nem percais a esperança. Sabei, antes, compreender o que se verificou e interpretai-o em toda a sua verdade. Se não o fizestes ainda, abri-vos com humildade e confiança ao arrependimento: o Pai de toda a misericórdia espera-vos para vos oferecer o seu perdão e a sua paz no sacramento da Reconciliação. A este mesmo Pai e à sua misericórdia, podeis com esperança confiar o vosso menino. Ajudadas pelo conselho e pela solidariedade de pessoas amigas e competentes, podereis contar-vos, com o vosso doloroso testemunho, entre os mais eloquentes defensores do direito de todos à vida. Através do vosso compromisso a favor da vida, coroado eventualmente com o nascimento de novos filhos e exercido através do acolhimento e atenção a quem está mais carecido de solidariedade, sereis artífices de um novo modo de olhar a vida do homem.” (Carta Encíclica Evangelium Vitae, n. 99).
O pecado do aborto é grande sim, porém não é maior que a misericórdia de Deus e que Seu amor por nós. Nosso Senhor deixa 99 ou mais ovelhas para buscar uma que ficou para trás: eu ou você! Ele nos ama infinitamente, e isso já é o motivo de nossa alegria.
A você que cometeu um aborto, peça perdão a seu filho, busque o perdão de Deus e a paz por meio do Sacramento da Reconciliação. Perdoe as pessoas que lhe feriram e se perdoe! Retorne ao primeiro Amor, e juntos vamos combater o mal do aborto, começando pela luta a favor da castidade.
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