WebRádio Trindade Santa: TEXTO CEDIDO PELO PADRE JULIO PARA O DIA DE CORPUS CRISTI

quinta-feira, 3 de junho de 2010

TEXTO CEDIDO PELO PADRE JULIO PARA O DIA DE CORPUS CRISTI


Corpus Christi

Corpus Christi é a Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo que é celebrada devotamente pela Igreja na quinta-feira, após a solenidade da Santíssima Trindade, que acontece no domingo depois de Pentecostes. É o único dia do ano que o Santíssimo Sacramento do Corpo e Sangue de Cristo sai às ruas em procissão.
Para entender essa solenidade da Igreja é preciso retornar na história, Conta-se que no Séc. XIII, na Diocese de Liège, na Bélgica, uma freira agostiniana de nome Juliana de Mont Cornillon tinha visões nas quais o próprio Jesus lhe pedia uma festa litúrgica anual em honra ao Sacramento da Eucaristia. Juliana comunicou estas aparições a D. Roberto de Thorete, Bispo de Liège. Ele ficou tão impressionado que convocou um sínodo em 1246 e ordenou que a celebração fosse feita no ano seguinte, em 1247, na quinta-feira posterior à festa da Santíssima Trindade. Neste período, havia um sacerdote chamado Pedro de Praga, que vivia angustiado por suas dúvidas sobre a presença de Cristo na Eucaristia. Decidiu então ir em peregrinação ao túmulo dos apóstolos Pedro e Paulo em Roma, pedir o dom da fé. Ao passar por Bolsena, na Itália, enquanto celebrava a Santa Missa, foi novamente acometido da dúvida. Na hora da consagração veio-lhe a resposta em forma de milagre: a Hóstia transformou-se em carne viva, respingando sangue, manchando o corporal, os sangüíneos e as toalhas do altar sem no entanto manchar as mãos do sacerdote, pois, a parte da Hóstia que estava entre seus dedos, conservou as características de pão ázimo. O Papa Urbano IV, que residia em Orvieto, cidade próxima de Bolsena, informado do milagre, ordenou que se levassem as relíquias de Bolsena à Orvieto. Os fiéis acompanharam esse translado em procissão. Quando o Papa encontrou a procissão na entrada de Orvieto, teria então pronunciado diante da relíquia eucarística as palavras: Corpus Christi (Corpo de Cristo). Em 11 de agosto de 1264 o Papa emitiu a bula “Transiturus de mundo”, onde prescreveu que na quinta-feira após a oitava de Pentecostes, fosse oficialmente celebrada a festa em honra do Corpo do Senhor. Mas este não foi o primeiro milagre eucarístico.
Ainda no Séc. VII, na cidade italiana de Lanciano, um monge celebrar a Santa Missa, estando atormentado pela dúvida da presença de Cristo na Eucaristia, após proferir as palavras da Consagração, viu a hóstia converter-se em Carne e o vinho em Sangue, que posteriormente se coagulou. Após doze séculos o Milagre Eucarístico, devidamente guardado em uma custódia, permanece exposto aos olhares dos fiéis peregrinos a cidade de Lanciano.
Em novembro de 1970, por iniciativa do arcebispo de Lanciano, Dom Pacífico Perantoni, e do ministro provincial dos Franciscanos Conventuais de Abruzzo/IT, contando com a autorização de Roma, os Franciscanos de Lanciano decidiram submeter a exame científico as relíquias do milagre. O médico Dr. Edoardo Linoli, professor de Anatomia e Histologia Patológica, de Química e Microscopia Clínica, e ex-chefe do Laboratório de Anatomia Patológica no Hospital de Arezzo/IT, e o professor Ruggero Bertelli, da Universidade de Siena/IT, assumiram tal tarefa. Com a maior atenção, o professor Linoli extraiu partes carne e sangue milagrosos coagulados e submeteu-as a análise científica. Em 4 de março de 1971 apresentou os resultados suscitando um grande interesse no mundo científico.
Eles evidenciam que a carne e o sangue eram com segurança de natureza humana. A carne era inequivocamente tecido cardíaco, e o sangue era verdadeiro e pertencia ao grupo AB. O professor Linoli explicou que, «pelo que diz respeito à carne, encontrei-me na mão com o endocárdio, portanto, não há dúvida alguma de que se trata de tecido cardíaco». Quanto ao sangue, o cientista sublinhou que «o grupo sanguíneo é o mesmo do homem envolto no Santo Sudário de Turim, e é particular porque tem as características de um homem que nasceu e viveu nas zonas do Oriente Médio. O grupo sanguíneo AB dos habitantes do lugar de fato tem uma porcentagem que vai de 0,5 a 1%, enquanto que na Palestina e nas regiões do Oriente Médio é de 14-15%», apontou. A análise do professor Linoli revelou também que não havia nas partes extraídas, substâncias conservantes e que o sangue não podia ter sido extraído de um cadáver, porque se haveria alterado rapidamente. Portanto, o que se tem em Lanciano, são carne e sangue vivos. Esta é a primeira manifestação miraculosa da presença real de Cristo no Pão e no Vinho que celebramos.
Passados muitos séculos, a Igreja mantém viva a sua fé na presença real do Senhor nas espécies eucarísticas, mas o Concílio Vaticano II e a reforma litúrgica que se operou a partir daí deram novos enfoques à solenidade. Não a chamamos mais de Solenidade do Corpo de Cristo, mas Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo. Essa mudança que acrescenta a presença do Senhor no Vinho é de grande importância para uma melhor compreensão do sinal sacramental. Sem deixar de lado a fé na presença real do Senhor no Pão e Vinho, o Concílio Vaticano II colocou a solenidade à luz da quinta-feira santa, transformando-a numa espécie de eco do memorial da instituição da Eucaristia. Ao celebrarmos Corpus Christi somos chamados a manifestar nossa fé no Senhor, em sua presença real e sacramental na Eucaristia. É a festa do Povo de Deus, é nossa fé, nossa vida, nosso encontro íntimo com o Senhor que caminha e quer estar conosco a cada dia, em todas as nossas realidades.


Pe. Júlio César Fernandes
www.pejulio.blogspot.com/

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